23.12.10

Sob o signo de Capricórnio

Tivemos nosso encontro mensal dia 18 de dezembro, quando falamos sobre Saturno, domiciliado em Capricórnio. Esse titã lento tem um ciclo de 29 anos, que combina com sua seriedade: a idade da razão começa aos 30 anos. Simboliza os limites e a estrutura, o esqueleto e o superego. Representa o pai como autoridade.

Crono, o titã grego do planeta Saturno, é o filho mais novo de Urano (Céu) e Gaia (Terra). A pedido da mãe e ajudado pelos irmãos castrou seu pai com uma foice de sílex que Gaia lhe deu. Do esperma de Urano unido à espuma do mar nasceu Afrodite, como já vimos.
Crono casa-se depois com sua irmã Réia e se torna rei dos deuses, mas como seus pais profetizam para ele a mesma derrota que infringiu ao pai, Crono devora seus filhos.

Réia, com a ajuda de Gaia, engana Crono quando Zeus nasce, e o esconde em Creta, onde é amamentado por Amaltéia, a ninfa-cabra.

No entanto, outro mito mostra uma face diferente de Crono.
Na Idade de Ouro os seres humanos não precisavam de leis, porque cada pessoa sabia o que podia e devia fazer ou não fazer. E Crono governava essa era dourada. Júpiter viria a governar a Idade de Prata, quando a humanidade já decaíra.

Na vida pessoal, o retorno de Saturno a cada 29 anos - principalmente o primeiro - marca uma mudança de vida. Alguma coisa séria acontece: pessoas casam, se separam, têm um filho, mudam de profissão... É a passagem da juventude para a maturidade, da obediência a uma autoridade externa para o estabelecimento - se o crescimento individual correu como se espera - de uma autoridade interna.
É claro que na infância e adolescência Saturno indica a autoridade dos pais e da sociedade, a estrutura social em que se está crescendo, os limites da convivência.

No momento atual da história Saturno está ativo. Richard Tarnas mostra na revista Archai que entre 2000 e 2004 fez oposição a Plutão, trazendo intensidade ao conservadorismo e ao medo da época, em que se via terrorismo em cada ato. De 2004 a 2008 fez oposição a Netuno, época do aumento do uso de novas drogas, como ecstasy, do fundamentalismo religioso e da irresponsabilidade administrativa. De 2007 a 2012 faz oposição a Urano, trazendo a oscilação extrema entre o que é novo, revolucionário, e o que é conservador; entre o que é humanitário e o que é excludente.

A entrada do Sol em Capricórnio marca o solstício de verão no nosso hemisfério, o dia mais longo do ano. A partir daqui a luz começa a diminuir, o dia a encurtar. Esse solstício aconteceu com a Lua cheia e seu eclipse, criando assim uma grande cruz no céu em torno de nós: a Lua oposta ao Sol que se uniu a Plutão, reforçando a configuração desafiadora que ainda irá até o próximo ano, entre Plutão, Urano e Júpiter, e Saturno.

21.12.10

Um espaço de crescimento









Um pequeno espaço
perto do metrô Tucuruvi.
Busca de silêncio interior
no meio do ruído da cidade.



Rua Ausônia 509
(11) 2204-0095

27.11.10

Sob o signo de Sagitário

Júpiter rege o signo de Sagitário.

Os gregos o chamavam de Zeus. Sua órbita em torno do Sol demora doze anos, em algumas culturas esse era o período de vida do rei, morto ritualmente ao fim do ciclo. Representa a expansão, é um planeta social que faz dupla com Saturno, seu oposto por simbolizar a restrição.

Rei do Olimpo, portador do raio e acompanhado por uma águia, é um deus de povos guerreiros, que recebe do ferreiro divino o raio que vem da terra. Outros portadores do raio como arma são Tor, escandinavo, que porta um machado sem cabo, e Indra, hindu. O machado sem cabo remonta ao Paleolítico.
Zeus com águia, atirando o raio

Como deus de um povo guerreiro, invasor, Zeus tem a função de substituir os cultos dos povos dominados, o que é mostrado por seus muitos casamentos e relações extra-conjugais com deusas, titânides, ninfas e mortais.

Seu aparecimento está ligado ao mito de Crono-Saturno, aquele que devora os próprios filhos. Zeus é salvo desse destino por sua mãe Réia, que o esconde. Ao crescer liberta os irmãos engolidos e derrota o pai na guerra entre deuses e titãs, tornando-se rei dos deuses.

Casa-se com Têmis, a lei divina, e dessa união nascem as Horas, o que se deve fazer em cada estação do ano, e as Moiras, as fiandeiras do destino. Com a sábia e hábil Métis tem Atena, mas engolira a mãe por medo do poder do filho que teriam, de modo que Atena nasce quando sua cabeça muito dolorida é rachada por Hefestos. Com Mnemósine, memória e linguagem, tem as nove Musas. Com Deméter tem Perséfone, que já encontramos no signo de Escorpião. Finalmente casa-se com Hera, com quem tem Ares (Marte). 

É pai de Ártemis e Apolo, de Hermes, de Cástor (gêmeo de Pólux), de Hércules... e muitos outros heróis.

É o deus que julga, busca conciliação nos tribunais humanos e divinos. Seus ciclos de 12 anos no mapa astrológico podem ser traçados, mostrando as áreas em que há expansão e por vezes inflação.

9.10.10

Sob o signo de Libra

Em 18 de setembro tivemos o workshop sobre o signo de Libra, que marca o início da nossa primavera.

Vênus, que os gregos chamam de Afrodite, é o planeta que rege Libra. Sempre perto do Sol, tem um ciclo de oito anos, muito usado no começo da história humana em culturas agrícolas.

Deusa que personifica o arquétipo da união, da intimidade, do amor, Afrodite representa a liberdade do amor - o compartilhar em condições de igualdade. Essa deusa antiqüíssima simboliza a criação da vida através da relação, a procriação. 

O mito de Afrodite, como todos, se transforma com a cultura. Ela nasce do mar onde Crono (Saturno) atira os genitais de Urano após a castração. Nascida em Chipre, segundo o mito grego, tem origem no Paleolítico, como a deusa dos mamutes, a Grande Deusa Mãe da vida-morte-vida. Será Ishtar, Inana, Cibele, Ísis e por fim Afrodite, em povos diferentes.

Na Idade do Ferro se transformará na Afrodite olímpica, num panteão patriarcal onde Zeus comanda com seu raio. Mesmo aí será a mais independente das deusas, escolherá como marido Hefestos, o forjador do raio de Zeus, e terá vários filhos com vários deuses. 

Entre seus mitos mais conhecidos está o de seu amor pelo mortal Adônis, que retoma o de Ishtar-Dumuz, babilônio. Adônis sendo muito belo, atrai o amor de Afrodite, mas o jovem caçador é morto por um javali. Afrodite o coloca no mundo inferior sob a guarda de Perséfone, escondido numa arca. Mas Perséfone também se apaixona pelo jovem, a ambas o disputam. Zeus media o conflito, e Adônis passa a viver parte do ano no mundo dos vivos com Afrodite, e parte no mundo dos mortos com Perséfone. Esse mito, semelhante do da própria Perséfone, simboliza o ciclo anual das plantas mais importantes para os povos agrícolas.
Outro mito fala do papel de Afrodite na guerra de Tróia, uma das três deusas que causaram a desgraça de Páris e da cidade. Uma cena de vaso grego mostra Páris apavorado, impedido de fugir por Hermes, que o obriga a entregar a maçã da Discórdia (Éris) a uma delas. 

O tema do amor será esquecido na Idade Média e retomado ao final dela, anunciando a Renascença, através dos trovadores do século XI, a oeste da Grécia: o amor cortês de Tristão e Isolda, Parsifal e Conduiramour, Lancelot e Guinevère.

No mapa pessoal, aspectos de outros planetas a Vênus indicam a forma de viver o amor, a criação, a união: enfatizam, ou dificultam. 

Esta primavera, este equinócio, aconteceu com a Lua cheia coincidindo com o eixo de planetas lentos que está formado há meses no céu: a Lua junto a Urano e Júpiter, o Sol junto a Saturno, e Plutão na quadradura dos dois.

5.9.10

Sob o signo de Virgem

Em 21 de agosto tivemos o workshop sobre o signo de Virgem, em que o Sol entrou no dia 23.

O regente de Virgem é Mercúrio, o deus Hermes dos gregos. 

A figura, de um vaso grego, mostra Hermes com barba e sem elmo, mas com sandálias aladas e o caduceu na mão.

Entre o intrincado simbolismo deste arquétipo está o da criança, porque as façanhas de Hermes começam no seu primeiro dia de vida, quando rouba o gado de seu meio-irmão Apolo. Desse roubo e sacrifício surge a lira - feita do casco de uma tartaruga e das tripas dos bois - que Apolo usará para fazer soar sua música. A criança Hermes é amoral; pragmático, vê a utilidade potencial e a realiza. Apolo passa a não prescindir dele, como o ego, a consciência, não pode existir sem a mente. No céu, o planeta Mercúrio está sempre perto do Sol.

Filho de um deus olímpico e de uma ninfa, reúne o céu e a terra, e representa a união dos opostos em geral: masculino-feminino na androginia que é a meta do trabalho alquímico, luz e sombra já que é o único deus que pode entrar (e sair) no reino de Hades, bem e mal.

Mensageiro de seu pai Zeus (Júpiter), é eficiente em fazer com que a mensagem seja executada. Usa para isso seus poderes, como adormecer os homens e tornar alguém invisível. É como trapaceiro também que guia as almas pelo caminho da iniciação: promete o que atrai e conduz ao que modifica através da perda.

Como guia das almas - psicopompo - conduz os mortos ao reino de Hades, e os tira de lá quando isso é permitido. É também o guia nos caminhos, é aquele que encontramos nas encruzilhadas. Neste aspecto e no de trapaceiro tem paralelo na cultura brasileira com Exu.

Esse arquétipo, esta função psíquica que todos possuímos, está em casa nos signos de Virgem e Gêmeos. Em Virgem, signo de terra, sua expressão é a do hermético, o iniciador nos mistérios.

A origem desse deus é ao norte da Grécia, e guarda traços de xamanismo: os poderes, a cura, o embuste, o vôo mágico, a entrada nos três reinos. Alguns de seus traços aparecem nas pessoas cuja relação com este arquétipo é forte. 

O Brasil é virginiano, por sua constituição como país independente em 7 de setembro.

29.7.10

Sob o signo de Leão

Tivemos em 17 de julho nosso encontro mensal sobre o signo em que o Sol está entrando.  Leão é a casa do Sol, por isso abordamos símbolos e mitos da nossa estrela.

Hélios, séc. V a.C.
No mito grego mais antigo o Sol é o titã Hélios, que durante o dia guia o carro solar puxado por cavalos alados. À noite ele faz a jornada pelo mundo inferior dentro de um barco em forma de xícara que o transporta pelo mar da escuridão. Temos aí a totalidade, expressa no círculo com o ponto no centro, que representa o Sol. O ciclo solar inclui luz e sombra, vida e morte. Só posteriormente o Sol foi associado ao olímpico Apolo, guardião dos rebanhos e portador da lira.

O círculo com o ponto no centro simboliza a totalidade, cósmica e pessoal: o ego, centro do campo da consciência, que cada um de nós desenvolve à imagem do arquétipo do Si-Mesmo, totalidade dentro-fora.

Vivenciamos no encontro a busca do eu individual, presentificando um momento feliz do passado em que a brincadeira espontânea foi a expressão pessoal.

Ao longo da vida esse broto de ego percorre uma jornada heróica que, como o Sol no seu ciclo, tem uma fase diurna e uma noturna, interior. A jornada do herói, a busca de algo que nem sempre se sabe o que seja, tem etapas que se comparam às passagens dia-noite, nadir e aurora.

8.7.10

Sob o signo de Câncer

No dia 19 de junho, por ocasião da entrada do Sol em Câncer, tivemos o mini-workshop sobre o simbolismo da Lua, regente deste signo.

Falamos sobre o tempo cíclico - dia, mês e ano que se sucedem - e da relação entre as fases destes três ciclos básicos na percepção humana.

Abordamos os símbolos básicos do círculo e da taça, como semicírculo que se completa pela abóbada, e que surgem nos glifos do Sol e da Lua. 
Vivenciamos o arquétipo da Lua como nutrição, em seu significado mais amplo, remetendo-nos à primeira infância.
A Lua, base dos calendários de vários povos, simboliza os ritmos da vida, com suas fases que influenciam as marés, o ciclo reprodutivo dos animais, a seiva nas plantas... Povos agricultores sabem em que lua plantar, colher, podar. A Lua simboliza a mudança e o eterno retorno.

Entre os deuses gregos a titânide Selene - e depois Ártemis, para os romanos, Diana - era a deusa da Lua. Ártemis é a senhora da caça, ou melhor, dos animais selvagens, que protege. Outra deusa lunar é Hécate, que ecoa em Perséfone, já que seu papel no mito do rapto da Coré é importante. 


Neste solstício de inverno daqui do nosso  hemisfério sul, o Sol ocupa uma das pontas de um grande quadrado, que tem nos outros ângulos Saturno, Plutão e Júpiter junto com Urano. Esta é uma configuração tensa, que exige atuação para lidar com os arquétipos representados por estes planetas. Os dois planetas sociais, Júpiter e Saturno, estão em oposição, e dois dos planetas transociais, Urano e Plutão, estão em quadratura (90 graus).

Aspectos entre Urano e Plutão aparecem ao longo da história em momentos de grande mudança.

A Lua em bom aspecto com o Sol e Netuno traz um contraponto de criatividade.


Esta configuração no céu, como todas, afeta todos nós. Quem, porém, nasceu com o Sol ou outro ponto do mapa no começo dos signos cardeais - Áries, Câncer, Libra e Capricórnio - sente-se mais afetado por ela.

Ao final do workshop experimentamos brevemente a música das esferas, na concepção de Kepler, ouvindo o som dos acordes de quarta e de quinta ligados à configuração do momento.

2.7.10

Astrologia arquetípica

Vivos, os arquétipos mudam o tempo todo. Cada planeta tem um simbolismo amplo e em transformação, cada época e cada pessoa  em sua época vive e cria uma nova expressão desse simbolismo.


Cada um de nós é co-criador do mundo, e a imaginação mítica nos põe em contato com desdobramentos possíveis de cada planeta e da interação entre eles. 

A busca do significado é a criação do significado, e essa criação é participativa, feita na rede dos relacionamentos. 


O espírito do momento é indicado pelo mapa do céu. Cada um de nós participa dele. Cada um de nós participa da sua co-criação, da expressão nas nossas vidas desses arquétipos, simbolizados no céu do momento.