27.3.11

Sob o signo de Áries

Áries, primeiro signo do ano astrológico, marca o equinócio - de primavera no hemisfério norte e de outono aqui no sul. Seu regente é Marte, cujo ciclo em torno do Sol é de dois anos, e que participa do arquétipo da ação. Seu movimento é direto, súbito e pesado, como o chute, o soco, o empurrão. Essa energia é associada à luta, à guerra - o glifo de Marte é o símbolo do masculino.

Ares
Na Grécia o deus do planeta é Ares, vindo da Cólquida através do norte do Mar Negro e da Trácia, ou seja, de algum lugar da atual Ucrânia, atravessando a Bulgária de hoje. Na Cítia era representado por uma espada, o que é comum nos deuses de povos nômades-pastores vindos do norte da Eurásia.


Na Teogonia, Hesíodo o faz filho de Zeus e Hera, mas não o filho preferido, porque é estourado a ponto de ser muitas vezes derrotado e humilhado. O Marte romano tem mais postura, por assim dizer: os gregos eram soldados corajosos, mas tinham outras profissões em tempos de paz, já os romanos eram soldados profissionais de um povo imperialista. O germano-escandinavo Tiu - de onde vem o nome inglês da terça-feira, dia de Marte - não tinha no panteão a proeminência que os romanos davam ao deus da guerra, apesar de german vir do antigo guerre-man, nome dado por outros a esses povos.

O mito de Áries mais famoso é o Jasão.
Começa antes, quando Frixo e Hele são salvos do sacrifício pelo carneiro de Zeus que os leva para a Cólquida. Hele cai do carneiro voador e falante no Helesponto, mas Frixo recebe acolhida do rei Eetes - filho de Hélios - e mais tarde se casa com sua filha. O carneiro foi sacrificado e sua pele de ouro pendurada em uma árvore no bosque de Ares, que é o bosque da morte, guardado por uma serpente.

Jasão, filho de um herdeiro de trono, foi escondido por seus pais para evitar sua morte, e criado pelo centauro sábio Quíron, que aos 20 anos lhe contou sua origem. Jasão, vestido com uma pele de fera selvagem, voltou a sua cidade natal e no caminho perdeu uma sandália. O rei era seu tio, que usurpara o trono, e a quem um oráculo dissera que devia temer o homem com uma sandália só. Interpelou Jasão, que lhe disse simplesmente que viera reclamar o trono que era seu.

A resposta dada a Jasão era que precisava provar merecer o trono, portanto deveria trazer de volta a pele do carneiro. Jasão recebe ajuda de Atena, a deusa estrategista, que lhe dá Argos, o ligeiro, cuja tripulação de  50 remadores inclui os maiores heróis da Grécia.

A viagem passa pelo Mar Negro e dura muito tempo, com muitas aventuras e desventuras, várias mortes, muitos riscos. Por fim chegam à Cólquida, onde Medéia, filha do rei e poderosa feiticeira, se apaixona por Jasão. Entrando no bosque de Ares, Jasão é devorado pela serpente, mas Medéia, que era imortal, e cujos dons incluíam a capacidade de reviver os mortos, o traz à vida depois que a serpente o vomita.

Nesse ponto da aventura, surge o perigo da volta: o rei o persegue com seus soldados, e Medéia atrasa o pai matando seu próprio irmão e espalhando os pedaços no caminho. O rei se atrasa recolhendo os pedaços do filho, e Argos parte com Jasão e Medéia.

De volta ao lar o rei usurpador é morto e Jasão e Medéia reinam e têm dois filhos loiros como o sol. O mito, porém, é de Áries, e com o tempo Jasão ambiciona anexar o reino vizinho, casando com a filha do rei Creonte. Repudia Medéia, e Creonte a humilha com a expulsão num prazo de 24 horas. Medéia provoca a morte da noiva, do rei, sacrifica seus próprios filhos para isto, e parte lançando uma maldição sobre Jasão.

Jasão envelhece à sombra do Argos que apodrece, nostálgico das aventuras que não pode mais, e morre quando parte deste cai sobre sua cabeça.

Este equinócio de outono coincide com a entrada de Urano em Áries, onde Júpiter já está, ativando novamente a configuração entre signos cardeais que está no céu desde 2009.

16.3.11

Sob o signo de Peixes

Logo mais Netuno, o regente de Peixes, entrará neste signo, o que acontece a cada 165 anos.

Posídon era o deus do mar na Grécia. Irmão de Zeus, portanto um olímpico, teve as águas como quinhão na distribuição dos poderes. Era chamado de Agitador dos Mares, e é responsabilizado pelo terremoto que destruiu Creta. Neste evento estava se vingando da desobediẽncia de Minos, não bastando a anterior, do nascimento do Minotauro. O tridente que é seu símbolo já aparece no selo do iogue de Mohenjo-Daro, e mais tarde em Shiva.

O nome Posídon vem de Creta, e significa senhor da deusa-terra. Era representado como o jovem rei com as duas rainhas, que no fundo são a mesma, a vida-morte, mais tarde simbolizadas na Grécia em Deméter e Perséfone.

Outro mito sobre Posídon o relaciona à Medusa, cujo nome significa Senhora. Ela era uma bela titânide, divindade antiga da terra, mas se tornou medonha, com cabelos de serpentes vivas e olhar que transformava os homens em pedra, após ser estuprada por Posídon. O terror a impedia de dar à luz os dois filhos que trazia em seu ventre, e que só nasceram quando Perseu cortou sua cabeça, sem olhar para ela. Então nasceram Pégaso e Crisaor.

Perseu matando Medusa

O Netuno romano era também deus das fontes.

Mas o lado violento de Posídon não corresponde ao signo de Peixes. Sendo Netuno um planeta moderno - descoberto com a ajuda de telescópio - seu arquétipo não foi inteiramente apreendido pelos astrônomos que o nomearam. Mais parecido com Peixes - a transcendência, atemporalidade, imaterialidade, imaginação, compaixão e dissolução que o caracterizam - é o arquétipo junguiano da anima mundi, e o da Grande Mãe oceânica, a água de onde veio a Vida. Na China é o Tao, na Índia, Vishnu como Oceano Lácteo.

A cada 450 anos Netuno e Plutão se unem no céu, marcando o começo de uma nova época histórica. A nossa começou em torno de 1890, com a ascensão do capitalismo financeiro substituindo o capitalismo industrial.

Quem nasceu no começo de Peixes está com Netuno junto a seu Sol natal, o que é um trânsito marcante.