4.12.14

Como respiro, como vivo


“Solta o ar em quatro tempos, e deixa entrar...”
Digo “solta” e vejo suas costelas expandirem rápido, digo “em quatro tempos” e a vejo abaixar e levantar as costelas quatro vezes, como se ofegante. Lembro como ela é agitada, fala sem ouvir a outra pessoa, fala sozinha durante a aula. Tem um desvio grave de coluna, uma história antiga de problemas de estômago. Interessada superficialmente por muitas coisas, não faz relação entre estes conhecimentos.
“Solta o ar em quatro tempos, e deixa entrar...”
“DEIXA ENTRAR!”
Eu esqueço de inspirar de volta... Sempre foi assim.”
A pessoa que solta o ar e não deixa entrar, foge do mundo e se fecha em si mesma, tem o peito afundado, pouca energia.
Quem tem um tórax amplo pela frente, o peito alto a ponto de parecer vestir uma armadura até os ombros, é alguém que não solta o ar. Pensa que soltou, mas só trouxe para cima, então apertou os lábios, o pescoço, a garganta, e não deixa sair. 

 
Respiro rápida e superficialmente para não deixar aparecer o que trago dentro de mim. Vou para fora, fora, fora... correndo de mim mesma.
Solto o ar e me encolho, passo desapercebida: se me fizer de morta ninguém mexe comigo.
Prendo o ar e me sinto grande, forte, poderosa, para assustar e afastar as pessoas.
Medo dos sentimentos, medo da agressão, medo de perder...

A notícia boa é que isso pode mudar.


É possível aprender a respirar conscientemente, com a atenção no próprio padrão respiratório.
O conhecimento de si que vem desse aprendizado muda a forma de relação com o dentro – as emoções – e com o fora – as pessoas, o mundo.

31.10.14

Meditação e felicidade

O que é felicidade? Do que você precisa para ser feliz?

No próximo dia 7 de novembro, sexta-feira, começam os encontros em grupo para o treinamento de felicidade. Treinamento, sim, porque tudo que a gente quer aprender a fazer, tudo que queremos incorporar à nossa vida, precisa de treino.

Nos encontros, que são quinzenais, começamos com uma prática física suave, que pode ser yoga ou outro tipo. Em seguida fazemos um período curto de meditação. 

Na segunda parte abordamos um tema diferente a cada dia, baseados principalmente nas idéias veiculadas no curso A ciência da felicidade, ministrado online pelo GGSC - Centro para a Ciência do Bem Maior - da Universidade Berkeley. Estes temas incluem estudos de áreas tão diferentes quanto psicologia, antropologia, biologia da evolução e neurociência.  

Teremos três encontros em 2014: dias 7 e 21 de novembro, e dia 12 de dezembro, sempre às sextas-feiras, das 19:30 às 21:00 h.

O valor sugerido para cada encontro é R$ 25,00, a contribuição mínima é R$ 10,00.

Mais informações:
2204-0095
ligiaprado.astr@gmail.com






22.6.14

Inverno

A estação onde a energia se recolhe para o interior; época em que necessitamos de repouso e do aconchego das pessoas que realmente amamos. Não é uma época para contatos sociais superficiais (festas, badalações), que cabem melhor na primavera e no verão, pois no inverno estamos mais emotivos e precisamos de intimidade e de relacionamentos baseados na sinceridade, na nossa verdade interior.

O inverno está relacionado com o elemento Água, que flui ininterrupta e tranqüilamente, contornando os obstáculos, buscando o caminho de menor resistência. Assim também são nossas emoções – fluindo espontaneamente quando em equilíbrio. Os meridianos ligados a este elemento são rins e bexiga
Podemos sentir o fluxo da energia através deles quando permanecemos em posturas como: Paschimottanasana, Halasana, Pada Hasthasana


Alimentação
Nesta estação o elemento fogo está mais escondido, por isto precisamos de mais calor em nossa alimentação. Podemos acrescentá-lo utilizando alimentos assados ou que exijam maior tempo de cozimento. 
O sabor ligado ao elemento água é o salgado; seu excesso pode prejudicar a energia de R/B.
Como a água já é fria e úmida, convém moderar a ingestão de alimentos desta natureza. É o momento de utilizar na alimentação as frutas secas – uvas passas, nozes, amêndoas, avelãs, sementes de abóbora e de girassol, castanhas, amendoim (cuidado para não salgá-los). Também vão bem as raízes, especialmente nabo, bardana e cenoura, os feijões em geral, deixados de molho na véspera e temperados com sementes torradas e moídas: coentro, mostarda, e ervas aromáticas – cebola, alho e gengibre.
Cuidado com o excesso de produtos de origem animal, que sobrecarregam a energia dos rins; prefira peixes pequenos de água salgada (sardinha, manjuba, ...)


Alimentação anímica
O repouso, a contemplação, o livre fluir da vida – sem planos e sem temores. A água está relacionada com a sabedoria, que reconhece a impermanência de todas as coisas. O afeto não pode ser comprado ou barganhado, e no entanto ele é a única fonte real de felicidade nesta vida passageira. Contemplando a natureza, a beleza que reside na simplicidade de nossas crianças, desenvolvemos uma sensação de humildade e de gratidão. 


Em desequilíbrio R/B geram o medo que contamina tudo na nossa vida, impedindo o raciocínio objetivo, criando o pânico. 
A ansiedade é uma forma difusa deste medo, pois ela nos leva a querer trazer o futuro para o presente, para controlá-lo, evitando surpresas que gerariam o medo. 
As dificuldades nos relacionamentos afetivos muitas vezes nascem deste mesmo medo de se abrir para o desconhecido; criamos uma imagem ideal do “outro” e nos relacionamos com ela, para nos sentirmos seguros. 
 

Quando endurecemos nossos sentimentos acabamos criando pedras nos rins, pois tudo que não flui endurece ou apodrece.
Estes são apenas alguns traços de um quadro que é muito mais rico e inspirador.  Espero que o praticante de yoga possa, através de sua própria observação e percepção, acrescentar novas e coloridas pinceladas neste esboço.

22.3.14

Outono

Entramos num período de recolhimento, nos preparando para enfrentar o inverno. É a época em que colhemos aquilo que estivemos cultivando desde a primavera. Tempo de alegria e de compartilhar; não semeamos e nem cuidamos sozinhos daquilo que foi plantado. Quer tenhamos consciência ou não, sempre há companheiros de jornada; às vezes, aquele que apontou falhas e criticou nossos projetos foi nosso melhor mestre. Nossos filhos são também grandes mestres quando (especialmente na adolescência) nos apontam características nossas que nos desagradam.  Enfim, há muito para auto-observar, não para se punir ou sentir diminuído, mas para desenterrar os tesouros ocultos dentro de nós e lapidá-los. 

O outono está relacionado com o elemento Metal, que se encontra no interior da terra e exige esforços para ser extraído. Os meridianos ligados a este elemento são pulmão e intestino grosso
Podemos sentir a energia fluindo por eles quando permanecemos no Tadasana (postura da montanha), Virabhadrasana


Alimentação
O sabor ligado ao metal é o picante; seu excesso pode desequilibrar P/IG. 
A energia do metal é de natureza seca e pesada, portanto podemos equilibrá-la com alimentos de natureza leve. Assim sendo, devemos tomar cuidado com açúcar e laticínios, cujo excesso de consumo, nesta fase, aumenta a produção de mucos, prejudicando o intestino (diarréia, gases) e os pulmões (resfriados, sinusites, rinites, ...)
Cooperam com a energia do metal: raízes, como cenoura, nabo comprido, bardana, lótus, mandioquinha, e os sabores picantes dos temperos – cebola, alho, gengibre, salsão. Caldos com missô ajudam a limpar os pulmões e beneficiam a flora intestinal. O chá verde (Ban-chá) também favorece o intestino. O mel de abelhas é o melhor adoçante para esta fase.
Como a energia do metal é seca o organismo pede muita água durante o outono.


Alimentos anímicos
A energia se harmoniza, nesta estação, através do contato com as montanhas, grutas, as pedras de onde brotam água, as cachoeiras. É tempo de refletir sobre aquilo que plantamos e colhemos, pranteando as nossas perdas, para deixar que elas se vão. Através da paz e tranqüilidade vamos adquirindo interiormente a certeza de que só aceitando as perdas haverá renovação
Quando em desequilíbrio, a energia do metal gera: dificuldade de desapegar-se (no corpo isto se converte em prisão de ventre), mágoa, ressentimento, desejo exagerado de manter tudo e/ou todos sob controle, o que torna impossível relaxar e fluir com a vida.

Texto de Valéria Prado