4.12.14

Como respiro, como vivo


“Solta o ar em quatro tempos, e deixa entrar...”
Digo “solta” e vejo suas costelas expandirem rápido, digo “em quatro tempos” e a vejo abaixar e levantar as costelas quatro vezes, como se ofegante. Lembro como ela é agitada, fala sem ouvir a outra pessoa, fala sozinha durante a aula. Tem um desvio grave de coluna, uma história antiga de problemas de estômago. Interessada superficialmente por muitas coisas, não faz relação entre estes conhecimentos.
“Solta o ar em quatro tempos, e deixa entrar...”
“DEIXA ENTRAR!”
Eu esqueço de inspirar de volta... Sempre foi assim.”
A pessoa que solta o ar e não deixa entrar, foge do mundo e se fecha em si mesma, tem o peito afundado, pouca energia.
Quem tem um tórax amplo pela frente, o peito alto a ponto de parecer vestir uma armadura até os ombros, é alguém que não solta o ar. Pensa que soltou, mas só trouxe para cima, então apertou os lábios, o pescoço, a garganta, e não deixa sair. 

 
Respiro rápida e superficialmente para não deixar aparecer o que trago dentro de mim. Vou para fora, fora, fora... correndo de mim mesma.
Solto o ar e me encolho, passo desapercebida: se me fizer de morta ninguém mexe comigo.
Prendo o ar e me sinto grande, forte, poderosa, para assustar e afastar as pessoas.
Medo dos sentimentos, medo da agressão, medo de perder...

A notícia boa é que isso pode mudar.


É possível aprender a respirar conscientemente, com a atenção no próprio padrão respiratório.
O conhecimento de si que vem desse aprendizado muda a forma de relação com o dentro – as emoções – e com o fora – as pessoas, o mundo.