“Solta
o ar em quatro tempos, e deixa entrar...”
Digo “solta” e vejo
suas costelas expandirem rápido, digo “em quatro tempos” e a vejo abaixar e levantar as costelas quatro vezes, como se ofegante.
Lembro como ela é agitada, fala sem ouvir a outra pessoa, fala
sozinha durante a aula. Tem um desvio grave de coluna, uma história
antiga de problemas de estômago. Interessada superficialmente por
muitas coisas, não faz relação entre estes conhecimentos.
“Solta
o ar em quatro tempos, e deixa entrar...”
“DEIXA
ENTRAR!”
“Eu
esqueço de inspirar de volta... Sempre foi assim.”
A
pessoa que solta o ar e não deixa entrar, foge do mundo e se fecha
em si mesma, tem o peito afundado, pouca energia.
Quem
tem um tórax amplo pela frente, o peito alto a ponto de parecer
vestir uma armadura até os ombros, é alguém que não soltao ar. Pensa que soltou, mas só trouxe para cima, então apertou os
lábios, o pescoço, a garganta, e não deixa sair.
Respiro
rápida e superficialmente para não deixar aparecer o que trago
dentro de mim. Vou para fora, fora, fora... correndo de mim mesma.
Solto
o ar e me encolho, passo desapercebida: se me fizer de morta ninguém
mexe comigo.
Prendo
o ar e me sinto grande, forte, poderosa, para assustar e afastar as
pessoas.
Medo
dos sentimentos, medo da agressão, medo de perder...
A
notícia boa é que isso pode mudar.
É
possível aprender a respirar conscientemente, com a atenção no
próprio padrão respiratório.
O
conhecimento de si que vem desse aprendizado muda a forma de relação
com o dentro – as emoções – e com o fora – as pessoas, o
mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário