Antes
que você pense que a astrologia te ensina a ganhar dinheiro, vamos
conversar sobre para que a astrologia serve – o que ela faz.
Cédulas de vários países - Wikimedia |
Astrologia
não é previsão de futuro, isto seria adivinhação. Pode ser uma
forma de interpretar o passado, entender porque aquilo aconteceu
naquela época. A grande utilidade da astrologia é traduzir o
Zeitgeist – o espírito do tempo – termo que se refere à
complexidade de relações atuando num período. Para
captar o espírito do presente – e agir, no presente, com
responsabilidade – é preciso aprender as lições do passado. É
também preciso estar se desenvolvendo como a pessoa que você nasceu
para ser: um ser dotado de uma consciência sempre em expansão e que
assume a responsabilidade por si mesmo e por sua atuação no mundo.
O assunto
Dinheiro: o que é?A astrologia já existia quando o dinheiro foi inventado, foi preciso adaptar um conhecimento anterior para colocar o dinheiro em algum lugar do mapa. Que lugar é esse? A tradição européia, cartesiana, de uma astrologia para ricos e poderosos, coloca o dinheiro como propriedade – rico tem dinheiro, certo? Mas dinheiro é moeda corrente, é liquidez. Moeda de troca, que veio substituir o escambo, em que se troca uma mercadoria por outra. Ninguém pensaria em produzir feijão e guardar indefinidamente em casa: ele é plantado para ser consumido, e o excedente trocado por arroz, por exemplo.
Três casas do mapa – as casas são a expressão de todas as possibilidades de experiência de um ser vivendo na Terra – falam da parte material da experiência. A posição que se ocupa no lugar onde se vive, o que se tem ao ocupar esta posição, e o que se troca, dinamizando esta posição. Alguém pode ser o pescador da vila, ter seu barco e sua rede, e trocar seus peixes e seu conhecimento sobre peixes com outras pessoas. Então o dinheiro vai – ou não – entrar nas trocas. Pode haver escambo, o pescador pode ter construído seu barco, como ainda acontecia no litoral de SP no século XX. Esquematizando:
o pescador casa 10 posição
o barco, a rede casa 2 posses
o peixe pescado casa 6 trabalho, técnica
Quando a coisa não dá certo
Você
está pensando que a vida é muito mais complexa que isso... e é
mesmo. Continuemos, pois.
Destas
três casas, a 10 é cardeal – inicia o tema – a posição do
pescador na aldeia. As posses permitem manter a posição – a casa
2 é fixa – o pescador tem a rede, o barco e seu conhecimento. As
trocas, o trabalho, modificam as duas anteriores – a casa 6 é
mutável. É mutável porque depende da casa cardeal que vem em
seguida, a 7, casa das relações sociais. O pescador troca com
alguém, recebe dinheiro ou outra mercadoria e os dois saem com algo
de valor para si.
Conclusão
óbvia: a área material pode não dar certo porque “nenhum homem é
uma ilha”.
O que fazer?
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Como
eu disse acima, astrologia não é cartesiana, é pura complexidade.
Não tem isso de uma causa → um efeito. Vamos situar o dinheiro em
relação a outros capitais que podemos ter.
Capital
material: estivemos falando disso, dinheiro, mercadorias fluindo
entre pessoas. Vem da
posição que se ocupa, do uso dos meios para mantê-la, é o que
flui como resultado.
Capital
social: relações com pessoas. Relações de pessoa a pessoa formam
um conjunto estável do grupo a que se pertence, com que quem se
troca informações as mais diversas. Casas 7, 11 e 3,
respectivamente.
Capital
cultural: cada pessoa se identifica com sua cultura, que modela sua
personalidade. Claro que essa modelagem é grande no começo da vida
mas, à medida que a pessoa adquire mais consciência e mais
conhecimento, torna-se capaz de modular isto pela vontade pessoal. A
personalidade estável age no mundo, e se modifica pelas trocas com
outras pessoas de cultura diferente. Casas 1, 5 e 9.
Capital
psíquico: a parte silenciosa e profunda da vida. Valores alimentam a
alma desde o começo da vida – espera-se que sejam nutrição,
amor, compartilhamento – e permitem o desenvolvimento de uma psique
estável, equilibrada e profunda, aberta ao desenvolvimento crescente
através da percepção de pertencimento ao todo mais amplo: da
humanidade, de todos os seres vivos, do universo. Casas
4, 8 e 12.
oOo
Esse quatro
capitais fazem girar a roda da vida, porque levam à transformação:
tudo que é vivo está em constante transformação.
O capital
material chama e depende das relações sociais (casas de ar), as
relações dependem de, e transformam a consciência psíquica
(casas de água), a
vida da alma amplia a consciência e a cultura (casas de fogo) que,
fechando o ciclo, transforma a posição no mundo.
Aplicando
este quadro ao momento presente em sua vida, na cultura em que você
se insere, avalie o
quanto você permite o fluxo de seus quatro capitais, e você estará
encontrando respostas para vários de seus problemas.
Um comentário:
Gostei muito dessa visão dinâmica das casas, da constante transformação.
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