11.6.11

O espírito do tempo presente

Estamos perto do solstício de inverno. No último equinócio conversamos aqui no Espaço Coaraci sobre a moldura arquetípica do período de mudanças que estamos vivendo, em toda a Terra. Este espírito do tempo - Zeitgeist - faz parte de um continuum, é claro, e foi em torno de momentos marcantes dessa sucessão que versou nossa conversa.

O mapa deste equinócio, março de 2011, mostra a configuração desafiadora entre Júpiter, Saturno, Urano e Plutão, que tem estado no céu, de uma forma ou outra, desde o começo do milênio.

Zeus e Hera (Júpiter e Juno)
A moldura social, feita pelos planetas Júpiter e Saturno, é o ciclo iniciado em maio de 2000. Esse ciclo dura 20 anos. Júpiter representa a expansão, e Saturno os limites: dentro destes parâmetros se processa a vida das sociedades humanas. Além do ataque às torres do WTC em NY, e a invasão do Afeganistão, houve o começo da demolição sem aviso prévio de casas palestinas por Israel e o seqüestro do ônibus 174 no Rio, onde a marca de Plutão e Urano afetam os dois planetas sociais, dando o tom do ciclo. A maré vermelha na China, o degelo da Groenlândia, são outra forma de expressão destes mesmos arquétipos dos planetas modernos (visíveis apenas com ajuda de aparelhos). Por outro lado, começa a preocupação com a preservação dos Everglades nos EUA, e do Mar Egeu entre Grécia e Turquia. A 3M deixa de produzir Scotchguard devido aos danos que causa ao ambiente. No Brasil, 200 autoridades são relatadas como envolvidas no tráfico de drogas.

Em 1961, num início de ciclo Júpiter-Saturno, Jânio Quadros tomou posse como presidente do Brasil.

Outro ciclo que se inicia é o de Júpiter e Urano, que dura cerca de 14 anos. Ao mesmo tempo existe uma quadratura entre Júpiter e Plutão (este ciclo também dura cerca de 14 anos, a teve início em 2007). Urano simboliza a mudança, a libertação, e Plutão representa a destruição e regeneração.

Estes três planetas - Júpiter, Urano e Plutão - estavam em conjunção em 1968 (e alguns anos antes e depois), ano muito importante para a história posterior, pelas rebeliões sociais e políticas - pelos direitos civis para os negros nos EUA, pela igualdade das mulheres, contra a guerra do Vietnã, contra as armas nucleares, a greve geral na França, a "primavera de Praga", as revoltas estudantis no Brasil.

Por outro lado, Saturno estava oposto à conjunção dos três planetas, e houve os assassinatos de Martin Luther King e de Robert Kennedy, o massacre de My Lai, a repressão da URSS na Tchecoslováquia, o AI-5 no Brasil. Saturno e Plutão, nestes casos, indicam crise e contração, como no início das duas guerras mundiais do século XX, na ascensão do nazismo e na crise das bolsas de 1929, quando estavam em aspecto tenso.

Em 1968 tivemos portanto a interação entre:
  • Júpiter-Saturno (ciclo de 20 anos)
  • Júpiter-Urano (cerca de 14 anos)
  • Saturno-Urano (cerca de 45 anos)
  • Júpiter-Plutão (cerca de 14 anos)
  • Saturno-Plutão (cerca de 35 anos)
  • Urano-Plutão (cerca de 130 anos)
Deste modo, a época emoldura o tempo presente pela importância do que aconteceu então, e ao mesmo tempo ilustra o que podemos esperar desse começo de século XXI, onde temos aspectos entre:
  • Júpiter-Saturno (em 2001 e em 2011)
  • Júpiter-Urano (em 2010-11)
  • Saturno-Urano (2008 a 2012)
  • Júpiter-Plutão (em 2008 e em 2011)
  • Saturno-Plutão (2008-11)
  • Urano-Plutão (2007- a 2020)
E Netuno, o planeta da integração, dissolução, transcendência?

O ciclo Urano-Netuno (170 anos) começou no final do século XX. Mas a conjunção entre Netuno e Plutão marca períodos definidos da história, pois acontece a cada 495 anos. Estamos no começo - em termos - de uma dessas eras de meio milênio: o século passado começou com essa conjunção, marcando a solidificação do capitalismo financeiro. A era anterior começara na Renascença, que foi também o início do capitalismo comercial, causa da vinda dos europeus para a América.

Uma moldura mais ampla ainda foi a conjunção, única desde que o ser humano registra a história, entre Urano, Netuno e Plutão, em torno de 580 a.C.. Richard Tarnas, cujas indicações estou seguindo neste tema, chama esse período de seminal, pois nele viveram os filósofos gregos pré-socráticos, Buda, Confúcio e, pouco antes, Zoroastro.

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