17.7.11

Parsifal e a busca do Graal - 1

O mito medieval de Parsifal ilustra o processo de individuação: a busca da própria identidade e da realização pessoal. O Graal é porém um símbolo muito mais antigo, da Idade do Bronze. 
Do mito oral surgiram as várias versões literárias, a mais antiga é francesa, do século XII. Seguiremos a alemã do século XIII, de Wolfram von Eschenbach, comentada por Joseph Campbell. As figuras são do manuscrito de Eschenbach.

O cavaleiro Gamuret vai para o oriente em busca de aventuras, e lá se casa com a rica rainha negra. Parte antes de ver o nascimento de Feirefiz, seu filho malhado de branco e preto.
No ocidente vence o torneio pela mão da rainha Herzeloyde, mas não deseja esse casamento, ao qual é obrigado por sua honra. Parte de volta ao oriente antes de ver o nascimento também deste filho, e lá morre em batalha.

Herzloyde chama o menino de "mon fils", "beau fils", e se retira com ele para um castelo na floresta, para que nunca queira seguir o caminho do pai. Ele cresce forte, amando o canto das aves e atirando nelas seus dardos, correndo livre pela floresta e ouvindo sua mãe falar dos anjos.

Parzival na floresta
Um dia vê numa estrada quatro homens a cavalo, em armaduras reluzentes, e se prostra pensando serem anjos. Os homens explicam que são cavaleiros, se quiser ser um deles, que procure o Rei Artur. Corre para contar à mãe e ela entende que o perdeu.
Para que ele desista, veste-o com roupas de palhaço, botas não curtidas, e lhe dá um pangaré por montaria. Diz-lhe para atravessar os rios no mais raso, ser respeitoso, procurar o conselho de homens de cabelos brancos, conseguir o anel e o beijo de uma dama honrada, e que seus dois reinos foram roubados pelo cavaleiro Lähelin. O filho promete vingá-la, e quando parte sem olhar para trás, ela cai morta.

O jovem anda sem saber para onde.
Encontra uma tenda onde uma bela mulher dorme seminua. Vendo um anel em seu dedo vai tirá-lo à força, e parte também com um broche e um beijo roubado. Chega o cavaleiro marido da dama que, ao vê-la sem o anel, rasga suas roupas e a obriga a segui-lo na busca pela vingança contra o homem que roubou sua honra.

E o jovem, sem qualquer culpa, segue caminho.
Encontra uma jovem com um cavaleiro morto no colo, que o reconhece como o filho da irmã de sua mãe, e lhe conta sua história e seu nome: "Parzival, partido ao meio, porque um falso amor partiu o coração de tua mãe". Seu cavaleiro morreu defendendo as terras dela.

E Parzival segue caminho e encontra um cavaleiro em armadura vermelha que desafiara o Rei Artur. Conduzido à Távola Redonda, Artur o sagra cavaleiro e ele parte.

Mata o Cavaleiro Vermelho com um dardo no olho  - dardos são proibidos para um cavaleiro.

No castelo de Gurnemanz
Como não sabe frear o cavalo galopa todo o dia, até ver pescando o idoso Príncipe Gurnemanz, que o hospeda. Com ele aprende a ser um cavaleiro, em armas e em regras de conduta: ter senso de honra, ser compassivo com os necessitados, não esbanjar nem acumular riquezas, não fazer muitas perguntas, responder honestamente, ser viril e de bom ânimo, não matar um inimigo que suplique clemência, ser leal no amor e que marido e mulher são um único ser. Não aceita casar-se com a filha de Gurnemanz e parte em busca de seu caminho.

Conduiramurs
Chega a um castelo defendido por cavaleiros magros, onde é recebido com um pedido da rainha virgem, Conduiramurs: salvá-la do rei que sitiou seu castelo para forçá-la ao casamento. Parsifal vence e imediatamente chegam navios com víveres.

Por três noites Parzival e Conduiramurs partilham do leito sem se tocarem: suas almas se casam antes de seus corpos. Depois de alguns meses de felicidade, Parzival pede permissão para visitar a mãe.

Depois de descobrir seu nome, ser iniciado nas artes da cavalaria, vencer as lutas e casar por amor, Parzival iniciará sua busca.

a ser continuado...